O que deve a África fazer para garantir a sua soberania alimentar?
O período aberto pela pandemia da covid-19 trouxe de novo à ribalta a questão da soberania alimentar do continente africano. De facto, os preços dos alimentos aumentaram em termos reais 26 pontos entre 2020 e 2021 e depois, com as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia, 16,5 pontos entre 2021 e 2022. Para os 36 países africanos que a FAO classifica como países com baixos rendimentos em défice alimentar, esta situação traduziu-se em custos de importação de alimentos ainda mais elevados, tornados ainda mais dolorosos pela depreciação das suas moedas em relação ao dólar americano, o que consolidou o seu estatuto de porto seguro. Com reservas cambiais e espaço fiscal limitados, os governos africanos recorreram ao Fundo Monetário Internacional que, em troca da sua “assistência”, prescreve invariavelmente que os subsídios energéticos e alimentares sejam reduzidos ou eliminados. Em tais condições, não é surpreendente que alguns países do Sahel e do Corno de África estejam a enfrentar uma crise alimentar enquanto outros enfrentam motins alimentares.
Que respostas devem dar os países africanos à crise actual? Que medidas práticas devem ser tomadas para a soberania alimentar do continente? Como poderia a Área de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) facilitar ou dificultar a soberania alimentar do continente? Que políticas devem ser postas em prática em termos de política de acesso à terra? Existem exemplos no continente ou noutro lugar que possam servir de modelo para a política alimentar? E iniciativas como a ARGA (Aliança para uma Revolução Verde em África)?
Estas questões serão abordadas durante o webinar de 12 de Dezembro de 2022 (14:00-17:00 GMT) com a participação de Ange David Baïmey (GRAIN), moderador; Ruth Nyambura (No REDD in Africa), Habib Ayeb (Observatoire Souveraineté Alimentaire et de l’Environnement), Freedom Mazwi (Sam Moyo African Institute for Agrarian Studies), Rokhaya Daba Fall (Grupo Consultivo de Institutos Internacionais de Investigação Agrícola), George Tonderai Mudimu (Collective of Agrarian Scholar- Activists from the South), Diery Gaye (Cadre National de Concertation et de Coopération des Ruraux).